segunda-feira, 30 de abril de 2012

Por que os padres devem usar o habito clerical nas viagens



Tradução de Raimundo Santos

Artigo original em inglês: Why priests should wear their clerical attire when travelling


Algumas semanas atrás, viajei à minha terra natal, Inglaterra, para assistir a Primeira Comunhão de meu sobrinho. Ao embarcar em Chicago, a aeromoça – Linda – me deu boas vindas: “Bom dia, Padre, ou devo dizer, ‘Pastor’? Respondi a ela que “Padre” era a palavra mais apropriada. Ela prosseguiu dizendo que sempre carrega consigo o Rosário.

Pouco tempo depois de decolar o avião, Linda veio até minha cadeira para me mostrar as lindas contas de seu Rosário. Cada uma das contas brancas, lindamente decoradas.

Mais tarde, ela me apresentou a uma de suas colegas. Após uma conversa rápida e cumprimentos, elas retornaram às suas tarefas. Pensei que terminaria ali o nosso encontro e retomei a minha leitura do livro Newman’s Development of Christian Doctrine (Desenvolvimento da Doutrina Cristã, de Newman) - (é sempre bom ter um bom livro durante o vôo)

Algum tempo depois, a colega da Linda aproximou-se para conversar. Após indagar onde eu trabalhava e onde era minha terra natal, ela comentou que era de origem dinamarquesa. Prosseguiu dizendo que ficava triste que ninguém na Dinamarca fosse à Igreja, enquanto que nos EUA, todos vão à Igreja. Ela confessou que era Luterana, mas casara-se com um Católico, e que criaram seus filhos como Católicos. Perguntei a ela se já havia considerado tornar-se Católica. Ela disse que sim, mas ressentia-se de deixar tudo o que era estimado por ela – as memórias da Primeira Comunhão e Confirmação na Igreja Luterana – difícil renúncia. Eu acabara de ler a seguinte passagem de Newman sobre a verdadeira conversão ser sempre positiva e nunca negativa, e disse-lhe que a escreveria e daria a ela.


"...Uma conversão gradativa, de uma falsa a uma verdadeira religião, basicamente, tem muito a ver com um processo contínuo, que acontece no íntimo da pessoa, mesmo quando as duas religiões, dentro de seus próprios limites, são antogônicas. Entretanto, é bom notar que tal mudança consiste, notadamente, em crescimento, e não em destruição. "A verdadeira religião é o auge e perfeição da falsa religião; Distintamente, cada uma combina o que existe de bom e verdadeiro em ambas. E igualmente, a Fé Católica é, na maioria das vezes, a combinação de verdades distintas, que os hereges dividiram entre eles, e continuam ainda as dividindo no erro. Assim, de fato, se uma mente religiosa fosse educada, e sinceramente associada a alguma forma de paganismo ou heresia, e assim, fosse trazida à luz da verdade, ela seria afastada do erro em direção à verdade, não perdendo o que tinha, mas ganhando o que não possuía; não ao ser despida, mas ao ser “revestida”, "que o mortal seja absorvido pela vida.” Este mesmo princípio de fé que a associou, no princípio, á doutrina errada a associaria à verdade; e esta parte da doutrina original, que deveria ser extirpada como absolutamente falsa, não seria diretamente rejeitada, mas indiretamente, seria a recepção da verdade que é o seu oposto. A verdadeira conversão é sempre positiva, nunca tem uma característica negativa..." (citação de Tracks for the Times, No 85, p. 73, by Newman in Development of Christian Doctrine, 1903, edition, p. 201).

Antes de chegarmos a Londres, ela tomou o artigo e disse que, provavelmente, se converteria à Igreja Católica, em Chicago. Por favor, rezem por ela.

De volta a Chicago, tomei o ônibus até o hotel onde havia deixado meu carro. O motorista - uma mulher - olhou a identificação e perguntou: "Você é o Reverendo John?" Ao que respondi afirmativamente. "Oh, preciso de sua benção!" "Por que"? "Minha vida está uma confusão. Meu marido deixou-me dois anos atrás, e agora estou divorciada." E assim a conversa prosseguiu. Ela é polonesa, vivendo nos EUA já por muitos anos. Ela achou complicado ir à Igreja desde que sua vida ruiu, mas sempre carrega consigo o Rosário e uma imagem de Nossa Senhora. Nos quinze minutos que durou a viagem até o hotel, tivemos uma conversa maravilhosa, e ela estava muito feliz quando nos despedimos. E eu também. Não tenho notícias dela após nossa conversa, mas agora coloco o nome dela nas minhas orações. (Seu nome é muito parecido com o nome do avô do meu sobrinho mencionado acima e, portanto, é fácil lembrá-lo)

Se não estivesse usando o hábito clerical, nada disso teria acontecido.

Portanto, meus queridos irmãos padres, rogo que estejam sempre visíveis ao utilizarem estes tipos de transporte público. Nunca se sabe como o Senhor poderá usá-los. E mesmo que experimentem constrangimentos, é por causa do Senhor e não por causa própria.

Artigo traduzido por Raimundo Santos
Original em inglêsWhy priests should wear their clerical attire nas viagens






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